letras narradas | 19.08.2006 | baratas e clarices

baratas e clarices

Ah, as baratas... Nunca são caras, as baratas. Resistentes e baratas. Penso em clarices.
Baratas não voam. Além do quê, sempre destoam. Mas, surpreendentemente, me fazem divagar e disso gosto. São fortes, não se extinguem assim tão fácil, freqüentam lugares sombrios, inatingíveis, secretos. Muitas vezes escapam, quando tudo era quase vitória. Baratas são fugidias, não enfrentam. Mais que isso, as baratas somem e de repente aparecem de novo, do nada. São covardes, mas usam sua covardia como defesa. Presenças que ainda ficam quando se vão. São por tudo isso mesmo, seres misteriosos. Vivem em mistério. E os mistérios são possibilidades inúmeras. A maior delas, a própria possibilidade de desvendá-los. Desvendar, apenas, desvendar. Será que um dia desvendaremos o mistério das baratas? Será que um dia desvendaremos os mistérios, um por um, até que a clareza excessiva nos cegue novamente?
Haja clareza, hajam clarices...
(uma grata reverência à Lispector)

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