letras narradas | 23.08.2006 | Segredos


Segredos

Vou revelar um segredo.
Eu não revelo segredos.
Mas não revelar segredos, não é mentir, nem omitir, é direito.
O direito do oculto, processo particular de vivenciar um efeito.
Que nem é defeito, nem faço direito.
Nem tudo que faço, longe de ser perfeito, é mesmo um feito.
Suspeito... mas aproveito, não tem outro jeito.
Eu deleito.

letras poemisadas | 21.08.2006 | Canastrices

Canastrices

E o que somos afinal nessa história com h?
Que verdade nisso há?
Canastras, canastrinas, canastrinos, canastrões, canastronas...
Caquis, laranjas, chuchus, bananas, peras, mamonas.
Frutos da farsa, da cópia, de saturadas atuações, aos milhões.
História deveria ser sempre escrita com E.
Nunca a que se inventa, nunca a que se quer, nunca a do querer.
Dramas, terrores, comédias, amores, meiguices, tolices, mesmices.
Saladas de frutos, saladas de frutas.
Deliciosas canastrices.

contato

letras narradas | 21.08.2006 | Canastrices


Canastrices

E o que somos afinal nessa história com h?
Que verdade nisso há?
Canastras, canastrinas, canastrinos, canastrões, canastronas...
Caquis, laranjas, chuchus, bananas, mamonas.
Frutos da farsa, da cópia e de saturadas atuações, aos milhões.
História deveria ser sempre com E.
Nunca a que se inventa, nunca a que se quer.
Dramas, terrores, comédias, amores, meiguices, tolices, mesmices.
Saladas de frutos, saladas de frutas.
Só canastrices.

letras narradas | 19.08.2006 | baratas e clarices

baratas e clarices

Ah, as baratas... Nunca são caras, as baratas. Resistentes e baratas. Penso em clarices.
Baratas não voam. Além do quê, sempre destoam. Mas, surpreendentemente, me fazem divagar e disso gosto. São fortes, não se extinguem assim tão fácil, freqüentam lugares sombrios, inatingíveis, secretos. Muitas vezes escapam, quando tudo era quase vitória. Baratas são fugidias, não enfrentam. Mais que isso, as baratas somem e de repente aparecem de novo, do nada. São covardes, mas usam sua covardia como defesa. Presenças que ainda ficam quando se vão. São por tudo isso mesmo, seres misteriosos. Vivem em mistério. E os mistérios são possibilidades inúmeras. A maior delas, a própria possibilidade de desvendá-los. Desvendar, apenas, desvendar. Será que um dia desvendaremos o mistério das baratas? Será que um dia desvendaremos os mistérios, um por um, até que a clareza excessiva nos cegue novamente?
Haja clareza, hajam clarices...
(uma grata reverência à Lispector)

letras musicadas | 14.08.2006 | Tudo

Tudo

Tudo tenho.
Eu me empenho.
Tudo faço.
Meu próprio traço.
Tudo vemos.
Nunca é de menos.
Tudo em paz.
E muito mais.

Tudo rola.
E me consola.
Tudo brota.
Estou na rota.
Tudo calo.
Enquanto falo.
Tudo vira.
Se erro a mira.

Tudo vai.
E me distrai.
Tudo vem.
Não é desdém.
Tudo quero.
Até o zero. 
Tudo teço.
E agradeço.

 

letras musicadas | 14.08.2006 | Revisitada

Revisitada
letras marcia david | melodia beto bianchi

Estou estranha.
E não é manha.
Ainda é noite na minha manhã.

Estou calada.
E não é nada.
Me sinto meio tonta, mas estou sã.

Louca, descabelada, agravada, atrapalhada.
Rouca, destrambelhada, desajustada, desconcertada.
E mais nada, não tenho nada.
Me sinto bem assim meio estragada.
Recompensada, remixada, revisitada.
E muito amada.

letras musicadas | 01.08.2006 | Peixe fora d'água

Peixe fora d’água
letras marcia david | melodia beto bianchi

Te pergunto todo dia:
Tá com fome...
Quer jantar?

Te percebo todo dia:
A sua calma
Ou o que é que há?

Te desejo todo dia:
Assim mesmo
O que rolar.

Eu te aproveito, enquanto dá.
Coisa rara...sei preservar.
O inusitado a conquistar.
Peixe fora d’água a nadar...