letras narradas | 25.01.2012 | Em tempo...


Em tempo
De repente metaboliza-se o tempo.
Tudo passa pelo processo as vezes essencial da indigestão, pedaços de proporções adversas engolidos rapidamente, forçosamente exigindo regurgito, sem possibilidades de absorção, sem ainda ciência de que ruminação não é condição pro humana, pro humano, pro sabedoria de ações que levam à serenidade.
De repente, o entendimento da solidão como condição de todo ser; e não ser estado transitório, compulsório ou arbitrário de apenas alguns.
De repente, a visão nítida de que antagonismos são necessários para manter vivo o que acredita-se. Não é possível aniquilar forças antagônicas, a não ser parcelas destas, pela ilusão de um todo. Mas, contudo, todavia, porém.
De repente, a ideia de fim sem começo se mescla com a ideia de começo sem fim e resulta no aceite de que tudo está certo do jeito que está“ (como diz lindamente certo instrutor de Yoga) e tudo faz parte da evolução fatal.
Não foi tarde, foi no tempo certo. Ainda que essas palavras possam sugerir que certas descobertas poderiam não ter sido assim tão tardias, podem também vir a surtir efeito em alguma alma leitora, permitindo a tal momentânea e satisfatória ilusão de ganhar tempo...
O tempo, esse que sempre será senhor de todos espaços.
Curvo-me a ele, em tempo, querendo ser como ele quando crescer, ao sabe-lo assim, ternamente, nada linear e eterno.


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